terça-feira, 17 de maio de 2011

Discurso de Freud

 Discurso de Freud           

Sigmund Freud, médico vienense, nascido em Freiburgo, na Morávia, funfador da psicanálise.
Na verdade, o discurso foi pronunciado pelo ator Montgomery Clift, no filme Freud Além da Alma, do diretor americano John Huston, com roteiro do filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre. É a síntese sartreana do pensamento de Freud, feita para o cinema.
O discurso é feito, no filme, por Freud, ao expor, à Academia de Ciências Médicas de Viena, suas descobertas fundamentais a respeito da psicologia humana, que revolucionaram não apenas esse campo de estudo, como toda a nossa cultura.
Houve uma reação tumultuada na platéia. Afinal muitos cientistas têm, historicamente, enfrentado iguais reações preconceituosas de seus pares, o que torna esse registro também uma espécie de discurso histórico.
 
A “idade da inocência” é assim chamada porque se supõe que a criança não tem consciência sexual. Essa crença errada reflete o medo e a culpa da sociedade. O bebê é um animal voraz, querendo encher seu estômago. O leite quente entra em sua boca, isto lhe dá prazer, que ele tenta prolongar mesmo depois de alimentado, por isso chupa a chupeta ou o dedo. O prazer que tem sensibiliza a região da boca e lábios, tornado-a uma zona erógena (risadas), a qual na vida adulta encontra prazer no beijo. (Protestos.)
O bebê toma banho acariciado pela mãe, seu corpo reage aos carinhos dela. O desejo pelo seu seio torna-se o desejo pela própria mãe. (Protestos agitados, gritos, pessoas começam a se retirar, um membro da platéia aproxima-se de Freud e cospe acintosamente no chão, à frente dele, alguns poucos batem palmas.) Inevitavelmente ela torna-se seu primeiro objeto de amor. Aí ele descobre que ela não é só dele. Ele tem um rival: seu pai. Antes que possa entender ou brigar, ele é corroído pelo ciúme. Preso num conflito entre o amor e o ódio. Não há nada de novo nisto. Os gregos mostraram o seu conhecimento na história de Édipo que, sem saber, matou seu pai e casou-se com sua mãe e depois disso foi condenado a vagar pela vida cego e sem lar. A sombra deste destino cai sobre todos nós (Balbúrdia constante, o presidente da mesa toca a campainha e diz: “Senhores, não estamos num encontro político. Devemos deixar o Dr. Freud falar”.)
É no complexo de Édipo, na fixação da criança pelo genitor do sexo oposto, que o erotismo infantil é máximo. Cada ser humano se confronta com a tarefa de superar este complexo dentro de si. Se for bem-sucedido, será um indivíduo completo, se falhar será um neurótico e ele também vagará para sempre, cego e sem lar.
Senhores, sou-lhes grato pela atenção. Não pararam de exibir a imparcialidade e amor à verdade pela verdade, que enobrece a nossa profissão.

Referência bibliográfica:
FIGUEIREDO, Carlos. 100 discursos históricos. Belo Horizonte: Leitura, 2002.

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